"A
felicidade está dentro de cada um de nós
e
não no outro”...
Isto
é que os livros de auto-ajuda e psicólogos procuram nos dizer
quando, tristes, nos queixamos de solidão, da falta de um amor e
de rejeição. Mas será que sem o tal “outro”, nos sentiríamos
completamente felizes? Sem ter com quem trocar idéias? Sem ter com
quem dividir uma noite de lua, um amanhecer lindo,
impressões
de uma viagem,uma garrafa de vinho?
Ser
sozinho por opção e por um tempo, constitui na realidade
uma situação invejável...mas sozinho por rejeição,
por imposição do destino é triste
e
difícil de agüentar.
A
canção que diz que é “impossível ser feliz
sozinho” retrata o que a maioria das pessoas sentem: o medo da solidão,
o desejo de encontrar um amor nem que, para isto, tenham que passar a vida
inteira procurando por ele. Mas há ainda aqueles que desistem
de buscá-lo na primeira intempérie e resignam-se a ficar
olhando os outros pares que se formam, com olhos compridos de inveja, ou
há, ainda, os que se contentam com pouco, numa acomodação
ao destino que lhes forneceu uma primeira escolha logo aceita, mas
nem sempre a melhor.
Mas
como encontrar o par ideal ou o mais próximo dele?
Como
saber discernir, entre tantas opções, as quais, na maioria
das vezes não são satisfatórias,
a
que seria a melhor para nós?
Será
que é aí que entra o amor, como mediador
das
situações de dúvida?
Mas
o que seria realmente este sentimento?
carência?
urgência? abnegação? prazer?
felicidade?
dor?
...ou
seria uma mistura de tudo?
Quem
ama sofre? amor é doença?
Quantas
perguntas e quantas respostas diferentes...
A
gente passa pela vida idealizando o amor... será ele é cor
rosa? feito de flores? pressupõe ciúme ou violência?
é monogâmico ou não é?... São tantas
as hipóteses e dúvidas, que nunca se chegou
a
uma conclusão serena sobre a sua origem.
Penso
que o amor é particular, isto é...cada um o sente e vê
de um jeito diferente. Eu seria feliz com alguém que me tratasse
de uma determinada maneira e você com alguém que lhe afagasse
de outro modo e, assim, caberia ao interessado saber
que
tipo de amor lhe convinha e procurar por ele.
E
o pior é que nem sabemos onde ele estará... não sabemos
que cara ele terá...não sabemos se já esbarramos com
ele e o deixamos passar...não sabemos se ele vai voltar. O amor
tem cara de incógnita. No máximo prenunciamos a sua presença,
sentindo um friozinho na barriga, uma taquicardia leve, um fogo no rosto,
uma sensação de satisfação inexplicável
ao enxergar o nosso provável objeto de desejo
se aproximando
mas,
daí em diante, a caminhada é árdua.
Porque
amor é uma planta delicada que exige cultivo assíduo...
nem muito sol, nem muita sombra, nem muita água, nem muito estio...Há
que dosá-lo com um conta-gotas para que cada um o tome na
dose que achar necessária para aplacar suas ânsias.
Para
mim, por exemplo, mais gotas de desejo, de carinho, de compreensão...
Para você mais possessão e ciúmes...para
ele, doses maciças de masoquismo,
de
luxúria e de carência.
Quando
encontramos o remédio certo para as nossas mazelas de amor, que
maravilha... ali estará o par perfeito pelo qual ansiávamos;
aquele que há de nos servir como uma luva, trazer sol à nossa
vida,
povoar
nossos sonhos mais ocultos.
Quando
tomamos o remédio errado, que lástima. Podemos até
morrer pela cura ou por super-dosagem...
porque
pior do que não ter amor,
é
se enganar com ele.
Que
nós tenhamos a persistência para procurar o amor até
nos lugares que nos pareçam improváveis pois pode ser lá,
justamente, que ele se esconda.
Que
nós tenhamos o discernimento suficiente para saber distinguí-lo,
no meio da multidão de “desamores” que nos cercam e aí, provavelmente,
não estaremos mais sozinhos.
by
Maria Eugênia (Doce Deleite)
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