Escrevo de olhos fechados...
e as palavras que saem pela pontas dos meus dedos,
vindas diretamente do meu coração,
voam, depois de nascidas, em direção aos olhos alheios.

Como mãe cuidadosa, peço-lhes que sejam educadas,
que não firam as pessoas que as vão ler,
que sejam discretas e falem baixo,
de modo a só serem notadas por quem lhes prestar muita atenção.

Digo-lhes, também, num último discurso antes que partam,
que sejam portadoras de boas notícias e de atenções
para as pessoas de quem gostarem...
mas que, se tiverem que falar de coisas desagradáveis,
que as digam com jeitinho para não magoar ninguém.

Às vezes elas me desobedecem...
e desta vez estou botando a culpa exclusivamente nelas
e me esquivando da minha responsabilidade ,
 pois isto acontece não por falta de conselhos,
mas porque elas são rebeldes e conseguem ser malcriadas ,
cáusticas, debochadas e  ferinas algumas vezes.

É que a  lei do atavismo é mais forte
e elas puxaram  ao gênio de algum antepassado, tenho certeza,
odiando  levar desaforos prá casa.
Juro, no entanto, que não foi isto o que lhes ensinei;
aprenderam no colégio,em contato com as outras palavras menos educadas
que aqueles meninos levados falam e que elas logo assimilam.

Como toda criança que ainda não sabe discernir
o que é certo ou errado  repetem, como papagaios, tudo o que ouvem.
Apesar de tentar, de todo jeito,  lhes incutir  boas maneiras
e lhes dizer  que é muito melhor que sejam vistas
como aquelas pessoas agradáveis,
que mesmo falando a verdade,
conseguem ser delicadas e doces ao nosso convívio,
elas têm vontade própria.

Depois que saem das minhas entranhas,
ganham vida  e conotações diversas,
saindo  por aí fazendo artes e tornando-se desaforadas
com quem se mete com elas ou com quem as ofende,
sem que eu  as possa  impedir;
afinal, vivemos numa democracia...

Mas, por sorte minha, na maioria das vezes elas são meigas
e tentam falar de amor, de paz e de alegria.
Já serviram de consolo para muita gente
e sempre estão dispostas a mostrar o seu lado mais sensível,
principalmente para quem  procura vê-las
com os olhos da alma.
 
 

by Maria Eugênia  - Doce Deleite
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